Sobre o ENEPEA 2020
O ENEPEA tem um importante papel, contribuindo para reunir professores e pesquisadores de todo o país para debater seus métodos, suas referências, tanto teórico quanto práticas, trocar experiências e conhecimentos, evitando a perda de conteúdo, de especificidades e de espaços. As quatorze edições do ENEPEA vêm colaborando com as reflexões na área e a ação, sejam elas no ensino, na pesquisa, na extensão e na prática profissional, aprimorando a formação na área do paisagismo, ampliando e aprofundando possibilidades metodológicas e de fundamentação teórico-crítica, buscando lacunas que possam existir nas diretrizes curriculares do Ministério de Educação e Cultura (MEC) e nos Projetos Pedagógicos dos cursos em Arquitetura e Urbanismo do país, que crescem em número a cada ano, reforçando a importância do paisagismo na formação do arquiteto e urbanista e valorizando o objeto central de atuação da arquitetura paisagística, ou seja, os espaços livres de edificação ou de urbanização.
O XV ENEPEA, com o tema “RUPTURAS OU CONTINUIDADES?”, vêm com o objetivo de dar prosseguimento a todas essas discussões, buscando identificar as atuais contradições e perdas, mas também as permanências e aquilo que resiste. Quais foram os sucessos e os fracassos até o momento na manutenção da qualidade no ensino e na prática da arquitetura paisagística no país? Quais foram os recuos, as perdas e quais as atualizações na área que se fazem necessárias neste momento? Adicionam-se, neste momento, outras questões, a partir de um contexto pandêmico que se instalou no país e no mundo: Como isso afeta nossa relação com os espaços livres? E como estes espaços podem colaborar no enfrentamento do problema?
Nesse sentido, o professor Silvio Soares Macedo, criador e coordenador da maior Rede Nacional de Pesquisas em paisagismo no Brasil, o Quapá-SEL, faz um chamado, junto a esta comissão organizadora, para a construção deste ENEPEA:
Venha construir conosco o próximo ENEPEA...
2020 – O Brasil é um país urbano que produz centenas de projetos paisagísticos em diversos lugares distintos em contextos sociais, econômicos, culturais e ambientais diferentes. Há ações de projetos, em todas as escalas e portes, desde áreas residenciais populares até parques regionais e urbanos, waterfronts, espaços livres privados em tecidos verticalizados ou em espaços corporativos etc.
Há cada vez mais arquitetos trabalhando em arquitetura paisagística. Em paralelo, tem-se a decisão institucional do MEC, desde 1994, em que o ensino do paisagismo em escolas de arquitetura e urbanismo é obrigatório.
Nesse contexto, observamos que houve grande evolução nas nossas práticas de ensino, pesquisa ou projeto desde os anos 1990, tempos dos primeiros ENEPEAs, no Rio de Janeiro, em 1994, e em São Paulo, em 1995, e em mais 12 ENEPEAs que foram organizados em todo o país.
Nesses mais de 20 anos, tivemos perdas e ganhos, incluindo nesses a realização de muitos estudos e pesquisas, a formação de novos docentes e pesquisadores, a criação de revistas especializadas, mas ainda sentimos a falta de conversarmos mais sobre nossas aulas e sobre o que fazemos em salas de aula e ateliês de projeto.
Queremos abrir a “caixa preta” de nossas disciplinas e colocar para debate e discussão:
- Para quem são os conteúdos e métodos utilizados em aula?
- Como consolidar as disciplinas de paisagismo no contexto de centenas de cursos de Arquitetura e Urbanismo?
Venham conversar conosco, muitos de nós desde os primeiros ENEPEAs no Rio de Janeiro e em São Paulo, e compartilhar suas experiências, dúvidas, sugestões, ideias.
Queremos entender e debater sobre:
- Quais são as referências teóricas, projetuais e bibliográficas em pauta?
- Quais as ações paisagísticas inovadoras das correntes contemporâneas brasileiras?
Queremos consolidar conceitos, objetivos e objetos de ensino de modo a formarmos profissionais capazes de qualificar paisagisticamente os espaços livres, públicos e privados, de nosso país, de 2020 em diante...
Esse chamado nos coloca a pensar na construção de um evento participativo, que contribua para uma troca efetiva entre todos nós, organizadores e participantes. Por isso reforçamos o convite do professor Silvio para que nos auxiliem na construção desse evento.
A edição de 2020 assume o desafio de levar toda essa rica discussão para dentro das casas de cada um dos participantes. Nossas raízes estão plantadas no Norte Fluminense, em uma cidade de médio porte, que é um importante polo regional, Campos dos Goytacazes. Mas, neste ano, o ENEPEA acontecerá em todo o Brasil. Nesse sentido, contamos com cada um de vocês para transformar aquilo que nos distancia, no que nos une mais fortemente.
LINHAS TEMÁTICAS
Processo e método de ensino.
O que estamos ensinando?
Esta linha ficará mais focada no ensino, propriamente. Busca discutir: o papel do paisagismo na formação do arquiteto e urbanista; a relação entre ensino, pesquisa e extensão; abordagens multidisciplinares no ensino de paisagismo; novas tecnologias; conteúdos e referências teóricas utilizadas.
Estratégias e processos projetuais.
Como estamos atuando?
Esta linha será direcionada à prática, buscando discutir métodos aplicados a ação projetual; inserção no mercado; papel das instituições e associações da área; o reflexo na prática profissional das formas de ensino.
Planos, políticas e projetos. Estamos avançando?
Reflexão crítica sobre o que tem sido produzido no Brasil, buscando compreender avanços e resistências e se estamos integrados ou isolados das políticas públicas; quais referências internacionais deveríamos estudar; qual é o papel do sistema de espaços livres (SEL) no planejamento da cidade; quais são as políticas no campo da paisagem; maior aderência às questões ambientais, patrimonial e na participação dos grupos sociais envolvidos.